quarta-feira, 24 de março de 2010

Atitude

Alguém que não saiba o que é o surfe não pode ter noção da explosão de energia quando aquela onda aponta no horizonte e sabemos que é a nossa oportunidade de fazer a melhor vala do dia.
Nosso estilo de vida é intenso e, com certeza eleva nosso espírito a lugares que qualquer outro ser humano nunca vai nem chegar perto. Voamos.

Cansei um pouco do estereótipo criado pra cima da nossa tribo. Sei que muita coisa errada foi figurada antigamente em termos de droga, atitude vadia e falta de perspectiva, mas foi necessário para moldar novos padrões, assim poderíamos quebrar as regras.

Sem essa lorota de que nem todo maconheiro é surfista, mas todo surfista é maconheiro. O surfe, como quaisquer outros esportes, oferecem caminhos a seguir. Cada um tem sua razão e sua opção. Sua opção se torna razão quando se tem certeza da escolha. Deixe viver.
Sabemos que certo e errado é um ponto de vista, um ponto subjetivo e, mesmo assim apenas um ponto e ponto final.

Nossa atitude vai além do arriscar nossa própria integridade física e, não indica irresponsabilidade, prova coragem. Falta de consciência social? Mais engajamento com causas realmente importantes que a maioria dos políticos. O bem mais precioso daqui alguns anos será a água, e domamos sua força.

Estamos acostumados a lidar com o conceito formado de que somos marginais. Graças a grandes nomes como Eddie Aikau, Rico, Jojó e Kelly Slater, grandes nomes do esporte dos reis, podemos dizer que somos a margem do conceito que criaram para nós.

E isso não é tabu, por que tabu a gente coloca embaixo do braço, entra na água e dropa a maior da série com ele. Atitude.

A nova geração de surfistas profissionais prova, com Mineiro, Junior Faria, Bruno Santos, Gabriel Medina entre outros, que o foco é a chave do negócio, e somos tão capazes quanto qualquer gringo com Pipeline no quintal de casa.

Quem sabe sambar, consegue surfar em qualquer condição e mostrar pra todo mundo que na terra do surfe, vamos lá e desbancamos com os locais mesmo levando tapa na cara. Mas e aqui?!...Gringo consegue sambar?!...Pode tentar, eu duvido!

Somos surfistas.

E ainda dizem que somos lentos...

terça-feira, 23 de março de 2010

E então, surfe!

- Caramba, você viu aquela vala que quebrou ali naquela bancada, que esquerda, veio alinhada, lisa, fritando o lip pra jogar o barrel lá na frente, oco...isso aqui está parecendo uma máquina de ondas...

Caro amigo, quantas vezes você já ouviu ou disse algo parecido com a frase acima?
Interessante como nós, amantes do mar e surfistas incondicionais entendemos o que cada um da nossa espécie sente, pensa, fala...

Para entender o feeling que temos, é necessário olhar para traz. Onde tudo começou, ou, como dizemos, quando o mosquito nos picou e a partir daí, moldou nossas humildes vidas para nos aproximar da natureza.

O surfe entrou na minha vida despretensiosamente, pois, na época, por volta do início dos anos 90, minha família não tinha casa de praia e, nossas condições não favoreciam idas e vindas para o litoral em forma dos famosos “bate e volta” ou mesmo para nos hospedar em pousadas ou hotéis.

Não tive um tutor que me oferecesse dicas de como me posicionar na prancha, como furar onda, noções básicas que as escolinhas de surfe nos ensinam em nosso primeiro contato com o esporte de maneira clara e objetiva. Mesmo assim, insisti. E sinceramente, o surfe necessita dessa persistência, desse foco, pois por ser uma prática solitária, o corpo mole não nos leva a nada.

Aos poucos, fui pegando a manha e em pouco tempo, já conseguia encarar umas paredinhas, e acho que essa é a evolução de todos, independente se você já fora nove vezes campeão mundial, ou apenas, um surfista de final de semana, como eu.
Neste processo, aparecem as amizades. Aqueles caras que entrarão no melhor e no pior mar, com chuva ou com sol e com certeza gritarão com suas novas conquistas e você com as deles.

Lembro de minha primeira surftrip. Uma praia no litoral Sul. Ainda freqüento e guardo sua localização, por respeito ao lugar, com o mesmo entusiasmo de quando fui informado que ele era mágico. Ondas realmente impressionantes que, não perdem em nada para as do litoral norte, e porque não dizer internacionais. Sim, a nossa onda preferida, quando quebra, sempre achamos que nem Pipeline conseguiria superar aquela perfeição.

As roupas mudam. O vocabulário, ao contrário do que pintam os desentendidos da arte de deslizar sobre as ondas, aumenta, pois além de nossa linguagem do dia-a-dia, ainda temos o dialeto salgado. Aquelas gírias que ninguém entende e sempre nos pedem para traduzir.

Outro fator igualmente importante é a trilha sonora. Descer a serra ouvindo a música que cabe ao momento. Chegar à praia fissurado com seu som mais empolgante, ou ficar de bobeira na frente do carro, olhando o mar perfeito que você acaba de surfar da melhor maneira que pôde na companhia tranquila de Bob Marley, Jack Johnson e Donavon entre outros. Importante. Não cito um parágrafo todo dedicado as mulheres, pois estas dispensam comentários. Todos sabem que as pranchas atraem.

Somos surfistas que aproveitam todo o tempo que tem, longe das obrigações, para voltar-se ao mar, ao surfe, ao contato com nosso universo. Costumo dizer que moro na praia, porém, fico em São Paulo de semana apenas para trabalhar, ou sustentar meu vício.

- Vício?...Sim, vício!! Sou viciado em surfar...
E com certeza, com toda a força que tenho, espero encontrar meus amigos no próximo final de semana e, repetir pela milionésima vez a frase que iniciei este texto.
- Caramba, você viu aquela vala que quebrou ali...

segunda-feira, 22 de março de 2010

Respirando novos ares

Hoje é um dia especial "rapaziada salgada". Introduzo o surfe como ferramenta de entretenimento minha e de meus futuros leitores.
O motivo da entrada no universo on line, que preciso confessar, nunca foi o meu ambiente predileto, é para dividir com vocês alguns textos, críticas, crônicas e contos do mundo do surfe.
Além disso, quero disponibilizar o espaço para os leitores que também queiram expor mais do que os comentarios de cada post.
Caso sintam a vontade de interagir com o espaço surfestorias, enviem seus textos para surfestorias@gmail.com para que sejam postados.
É isso ai pessoal, estaremos a partir de hoje em posts semanais para que os amantes do mar possam, rir, se indignar, indagar e pensar um pouco mais sobre nosso life style e tudo o que envolve a cultura surfe.

Um grande abraço

Alohaaaa